SARIEMA

Soava ao longe o doce canto que eu tanto buscava,

Como se fosse encontrar, tudo aquilo que esperava...

Eu não te via – mas já te ouvia – som da mi’a inspiração.

Até que topei teus olhos, e fiquei de rédeas no chão!

Foi este destino certo, que tocou-me a paz dos campos,

Onde tua beleza prendada costeou-me, com tanto encanto.

Me bombeava, mesmo ao longe... Como me buscando, enfim...

Mas se pra perto eu chegava, tanto mais tu corrias de mim!!!

Sonhei olhares, compus cantares – Linda morena!

– E te vi sozinha, nas entrelinhas, que fiz ser do poema!...

Ouvi o teu canto, rimei todo o encanto... – Óh, Flor de açucena!

– Por culpa da paixão: vive meu coração atrás de ti... Sariema!!!

Sem desvendar os teus sonhos, solito, cismo a pensar,

Na graça meiga e imponente que faz a gente penar...

...Sariema – flor campeira – de porte altivo e penacho.

– Canta assim, triste e dolente, pra lua estender seu facho!

Um dia alcanço – e amanso – teus anseios de andarilha...

E te trago – flor prendada – engarupada na mi’a rosilha...

...O vento é eterno – não sou! – mas eu governo o que penso...

– E quando tu fores minha, terás o amor mais intenso!

Porque me miras, se não te atiras?... – Linda morena!

– O teu acalanto é um doce canto em um xucro poema!...

Porque miraste, se não quedaste?... – Óh, flor de açucena!

– Disparou embora, pelo campo afora... tal a Sariema!!!

Parceria com Diego Muller

*Sariema: Corruptela de seriema