Sertanejo

Sou assim esse tocador meio intocado

Versejador bem versejado e viajado

Sem ter rumo nem prumo que me endireite

Horas pro sul outras pro norte

De leste a oeste já me atinei

E se não fosse o oras pro nobres

De minha santa Mãezinha

Triste seria meu fim

Sou esse caboclo miscigenado

Mistura de analfabetismo e ignorância

Que na vida e na lida encontra sustância

Vencendo a tino a arrogância

De quem quer lhe subjugar

Sou amansador de burro brabo

Agricultor Colhendo mazelas

Abrindo no curral as cancelas

Sem se deixar cancelar

Sou a terra banhada de sol

Que castiga o penitente

Na sola do pé o chão quente

Que queima que nem aguardente

Tomada de uma talagada só

Sou semente de várzea

Que segura o pouco inverno

E aquele sujeito sem terno

Que não abre mão do seu chão

Sou sertanejo sim senhor

Pelo minha terra eu tenho amor

Das minhas marcas não tenho vergonha

Só peço a sua atenção

Ouça bem o que lhe digo

Não mecha muito comigo

E se não me quiser como irmão

Lembre que sou sertanejo

E sei manejar um facão