MEU ALENTEJO

Terra abençoada p'lo sol, cheia de paz e lonjura,

és tu, meu Alentejo!

- mas onde está a vida que outrora te sustentava?

- onde estão as searas ondulantes como ondas do mar

que raparigas ceifavam, cantando ao desafio?

- onde estão os viçosos montados e suas varas de porcos?

- onde estão os ranchos de homens e mulheres,

oriundos das beiras, os Ratinhos!

que trabalhavam a terra que dava o pão?

- onde está o pastor de capote e bordão,

seguindo atrás do rebanho, com o seu rafeiro?

Espraio o olhar na tua imensidão.

Apenas silêncio e solidão!

E sofro

- com a terra abandonada, castigada por leis ingratas,

castradoras da vida...

- com os campos desertos e secos,

salpicados de pedra,

onde apenas se agitam a giesta e a esteva,

pois também a água te abandonou...

- aqui e além, pelas herdades,

as ruinas silenciosas do que outrora fora um lar,

testemunhas esquecidas de tempos áureos...

- cidades, vilas e aldeias,

paradas no tempo, de olhar distante!

partiram os jovens, cheios de ilusão,

ficaram os velhos, cansados dela!

Ó minha Terra, meu chão sagrado!

Torrão de um país que me viu nascer!

terra de gente humilde mas lutadora,

de temperamento moldado p'la campina,

berço de valentes que desbravaram o Mundo...

Tens em ti o sol que nos ilumina,

o calor que nos aquece,

a paz que nos acalma,

a pureza do espaço que nos liberta,

a magia no despertar...

És a moira encantada que nos prende

e no teu olhar, materno, doce e profundo,

brilham miragens de novos horizontes!

Hedera Cunha
Enviado por Hedera Cunha em 05/05/2011
Código do texto: T2950180
Classificação de conteúdo: seguro