Nas Brenhas do Sertão

NAS BRENHAS DO SERTÃO

Sertanejo

convive diuturnamente

com a morte

sol castiga-lhe

sede

anda léguas

de chão rachado

corpo esquálido

faminto

contam-se as costelas

sem comida

escuridão da noite

só o vagalume no mato

candeeiro em casa

nos terreiros, o mentiroso

contando estórias

mulher morrendo de parto

criança com “doença de

menino”

barriga grande, verme

rezadeira com galhinho de

arruda

anjinho levado na rede

ao cemitério

vaqueiro cego de um olho

perdido nas pelejas

da caatinga

boi fujão

pouca água barrenta

das cacimbas

carregada no pote

À Novena do Sagrado Coração

beber aluá

comer sequilho

água benta, males afastar

caminhar uma, duas léguas

ir à missa no domingo

capelinha

Morreu o fazendeiro

as mulheres cantando

as “incelenças”

ir pro céu

morrendo a cada dia

com a cuia

na mão.

maria do socorro cardoso xavier
Enviado por maria do socorro cardoso xavier em 17/11/2006
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