CEARÁ BREJADO, BREJEIRO

 
Acordei cedo.
Ainda o sol de quarentena, tudo é cinzento.
Plantas choram como carpideiras,
fazendo-se escamar de gotas a
escorrerem em suas pálpebras verdes,
lamentando a ausência
daquele que faz ferver suas clorofilas.
Rouxinóis se comunicam:  
mais um dia de trevas.
Humanos, como eu,
reverenciam a escuridão morna
que já dura dias.
Frio gostoso.
Mãe Gaia comunicando que
teremos banquetes homéricos,
amarelados de canjicas, pamonhas,
mesas coloridas de branco-tapioca e grãos de
feijões brancos-esverdeados, inchados,
saltitando dentro das panelas de barro.
Como te amo, minha Fortaleza amada,
do meu Ceará agreste.

 
PS – Queridos conterrâneos espalhados por este mundão Brasil, nosso querido Ceará está ensopado tár e quár seio de cabocla que carrega água de beber em panela furada. Parodiando Gonçalves, o Dias, diria eu:

Minha terra tem carnaubeiras,
onde canta o sabiá,
as águas que aqui gotejam,
não gotejam como lá.
 
Um grande abraço molhado deste que teve a felicidade de não arredar pé deste nosso rincão.

Sagüi
Enviado por Sagüi em 16/04/2011
Reeditado em 16/04/2011
Código do texto: T2911979
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