CEVAR UM MATE AMARGO
Quando o dia vem surgindo no horizonte,
O gaúcho apronta-se para a lida campeira,
Sorve um mate amargo com a companheira,
Preparando-se assim para um novo reponte.
A peonada que fica ao derredor do fogo de chão,
Antes de mais nada, prepara um mate amargo.
Assim lembra-se do sonho que ficou a “lo largo,”
Quanto sua vida era muito mais que uma ilusão.
A cuia vai de mão em mão com uma reverência
Que se faz em gestos cuidados como uma flor.
Há quem pensa que o gaúcho não conhece amor,
E que só no lombo do cavalo revela sua existência.
Cevar um mate amargo é quase como uma religião,
Atravessando o pago em léguas de campo aberto.
Mas também nas cidades hoje e um gesto liberto,
De quem ama a liberdade e tem amor ao seu torrão.
Marco Orsi