O MORRO DESAPARECEU

Onde está

Aquele morro de areias brancas

Que era o enfeite do bairro?

E encontraste com os menino

De peles escura e de sorrisos brancos

Enfeitavam os finais de tarde

Num frenético indo e vindo brincando

Andavam morro a cima rolavam de morro a baixo

Hoje eu procura minha infância

Procuro o meu morro branco e não acho.

Lembro-me bem quando criança

Nas minha andanças pelo bairro

Em segundos estava eu como estou agora

Admirado! diante do sacro ou do profano

Rezando sorrindo ou galhofando.

Quem não se lembra

Das novenas de Tia Tôta no dia de São José

De Mané Nata e do seu cabaré

Das vacas de Sinhô do cuscuz de Dona Flor

Dos sons dos atabaques lá do candomblé

Vinham da baixa Fria do terreiro de Zezé.

O tempo passou

Mais eu me lembro de tudo isso sim senhor

Das arruaças de João do O, do foquetório de Teó

Da fina elegância do velho Heró, do futebol correrria de Leó.

Do morro tudo hoje é saudade

Nem o pagode de Didi restou.

Lembro-me quando no fim da batucada

Ela la no cantinho sentada, gritava pro nêgo Adelson

Tira mais um samba canta mais um samba por favor

E o som do teu sorriso misturava-se

Ao som do cavaquinho no nosso cantarolar

Mais uma vez as lembranças mim faziam viajar

Eu já não sabia se cantava no canto de uma senzala

Ou se cantava no canto de um bar.

E

Negro Samuca
Enviado por Negro Samuca em 01/02/2011
Reeditado em 14/02/2012
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