O MORRO DESAPARECEU
Onde está
Aquele morro de areias brancas
Que era o enfeite do bairro?
E encontraste com os menino
De peles escura e de sorrisos brancos
Enfeitavam os finais de tarde
Num frenético indo e vindo brincando
Andavam morro a cima rolavam de morro a baixo
Hoje eu procura minha infância
Procuro o meu morro branco e não acho.
Lembro-me bem quando criança
Nas minha andanças pelo bairro
Em segundos estava eu como estou agora
Admirado! diante do sacro ou do profano
Rezando sorrindo ou galhofando.
Quem não se lembra
Das novenas de Tia Tôta no dia de São José
De Mané Nata e do seu cabaré
Das vacas de Sinhô do cuscuz de Dona Flor
Dos sons dos atabaques lá do candomblé
Vinham da baixa Fria do terreiro de Zezé.
O tempo passou
Mais eu me lembro de tudo isso sim senhor
Das arruaças de João do O, do foquetório de Teó
Da fina elegância do velho Heró, do futebol correrria de Leó.
Do morro tudo hoje é saudade
Nem o pagode de Didi restou.
Lembro-me quando no fim da batucada
Ela la no cantinho sentada, gritava pro nêgo Adelson
Tira mais um samba canta mais um samba por favor
E o som do teu sorriso misturava-se
Ao som do cavaquinho no nosso cantarolar
Mais uma vez as lembranças mim faziam viajar
Eu já não sabia se cantava no canto de uma senzala
Ou se cantava no canto de um bar.
E