TÔ BRABO!
Eu hoje num tô pra conversa
Tô, assim, de cara dura
Amanheci tão azogado, cheio de cisma
E sem um pingo de candura!
Tou chato que nem general do tempo da ditadura!
Se o grego Sócrates não o fizesse, eu o faria engolir aquela tal da cicuta!
Não me venha com bolodório, cara feia ou qualquer outra pintura!
Tou tão brabo! que nem a brabeza me segura!
Cangaceiro, se ainda existir! Hoje, mostra a frouxura!
Êta, que eu tô roendo uma rapadura!
E pode chamar o batalhão e mandar o que for de viatura!
Se chegar mais perto, só dou na nuca!!
E nem preciso de armadura!
Porque hoje eu tôu pior do que engasgo com uma bola de sinuca!
Já disse que tô brabo!
Os dentes estão amolados
E estou fungando feito uma insana criatura!
Quem vier pra riba, vai parar numa sepultura!
Até da veia poética fugiu a agulha
Saía de perto de mim, senão eu deixo só a caricatura!
Já nem quero mais escrever!
Isso já tá dando nos nervos uma fervura!
Então, chutando e resmungando,
Eu vou embora, na vera, de mala e cuia!!!