O Labor e a Sombra

Á sombra dos que trabalham,

Alguns outros homens folgueiam,

Carregam sobre si

A displicência costumeira

Quase irônica, irreverente,

Que as tardes costumeiras

Insistem em trazer

A revoar se vão as aves viajantes

E os pássaros rasteiros

Em solo errante

Andam às próprias rédeas

E nos igarapés,

Comunicam-se

Em seu canto decadente

Observam, e atentam para o outro lado

O lado dos homens – manifesto lado

O Homem brejeiro, de respingos

Algumas prosas, e poucos gracejos

E em seu indiscreto temor

Pousa-lhe a esperança atraente,

Lembranças quase ausentes

Dos olhares da moça decente

A vida, seus acontecimentos

E suas defesas

O homem honesto,

Dispõe de seus próprios argumentos

E o forte, de sua própria destreza

A solidão do pensamento

E a caridade dos sentimentos

Tornam-se tão presentes

Quanto à folha envelhecida

Que se desprende e cai

Semente que germina e silencia

Nas entranhas da terra

Á sombra dos que laboram

Alguns homens folgueiam

Recitam a si mesmos a própria sina

E guardam segredos

Àqueles que laboram,

Que em breve serão eles mesmos

Márcio Diniz
Enviado por Márcio Diniz em 06/01/2011
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