RENOVAÇÃO

Seca terrível que tudo devora,

A alegria da alma a esperança e o sonho.

O grão de mamona, o feijão e o milho,

na terra rachada, esperando a chuva,

enterrados no chão.

Num canto da casa, os filhos pequenos chorando aos gritos.

Noutro cantinho, no alto da sala, a imagem de Cristo.

A pobre mãezinha rezando calada de terço na mão,

aflita pedindo ao santo querido,

para os filhos famintos,

um pouquinho de pão.

No meio da roça o velho Simplício de inchada na mão,

olhando tristonho a maldade da seca; a terra rachada,

a semente secando embaixo do chão.

O gado morrendo na beira da estrada,

a poeira subindo do ribeirão.

Na casinha de taipa,

sobre o velho Jirau, a louça lavada.

A farinha num canto, da safra passada.

A água barrenta na pequena cabaça.

Um punhado de feijão na panela amassada.

A fumaça subindo do negro fogão.

Mas a chuva sagrada tudo renova.

A esperança e o sonho do homem faminto.

A mamona verdinha, o feijão e o milho,

como milagre brotando do chão.

Ao lado do pai, a magia do riso dos filhos pequenos,

comendo festivo milho cozido e pedaço de pão.

Na beira do rio a mãezinha contente,

como cigarra, cantando alto...,

uma linda canção.

Do alto do céu a chuva caindo.

A vida surgindo da terra molhada,

cobrindo de verde, como esmeralda,

a terra vermelha de todo o sertão.

Jaíres Rocha
Enviado por Jaíres Rocha em 04/01/2011
Reeditado em 08/01/2016
Código do texto: T2708595
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