Coivara
No pingo do sol do meio dia, no calor escaldante da caatinga o caboclo sertanejo esfrega o suor da testa com um sorriso amarelo de canto a canto da boca, feliz da vida por tocar fogo na coivara no seu pedaço de tabuleiro já castigado pela seca.
O fogo ferozmente sai rasgando morro a baixo tudo em sua frente, levando consigo o choro do menino e o lamento da velha. Os vestígios de um ano amargo são transformados por esse elemento místico que muda a sorte do sertanejo esperançoso.
Sertanejo filho da terra, forjado no fogo da coragem, seus lamentos são levados pelo vento da esperança até os ouvidos da sua amada água.
Água tão querida, jóia preciosa carregada pela a lata de Maria, não existe bem mais precioso para o caboclo que um gole d’água da chuva, artigo de luxo guardado com carinho no pote da cozinha.
Queime, fogo, este pedaço de torrão, e que o vento leve a notícia que no sertão ainda tem gente valente esperando o som do trovão.