NA FEIRA DO MEU SERTÃO
LITERATURA POPULAR
Autor: Claudson Faustino
NA FEIRA DO MEU SERTÃO
Zoada no meio da feira
De freguês e vendedor,
Bacia, pinico e lambedor,
De tudo um pouco é vendido,
Tem roupa de falecido,
Banana, queijo e açafrão,
Goiaba, maçã e mamão,
Não se pode perder o foco,
Eu vendo, compro e troco
Na feira do meu sertão.
Tem sela de cavalo
E cabresto de jumento,
Tem cebola e coentro,
Balde, vasilha e ralo,
Peru, galinha e galo,
Caju, batata e sabão,
Tudo isso em promoção,
Cigarro e caixa de “fosco”,
Eu vendo, compro e troco
Na feira do meu sertão.
Tem vendedor de vassoura,
Panela, bode e garrote,
Tem prego, martelo e serrote,
Tem jerimum e melancia,
Bolacha e pão de padaria,
Arroz, milho e feijão,
Fava, pote e algodão,
Rádio de pilha e óculo,
Eu vendo, compro e troco
Na feira do meu sertão.
Tem vendedor de picolé,
Castanha e água mineral,
Piaba, traíra e bacalhau,
Concha, garfo e colher,
Na esquina um cabaré,
Manga, goiaba e limão,
Canivete, faca e facão,
E santos que não invoco,
Eu vendo, compro e troco
Na feira do meu sertão.
Tem um “mói” de rapadura,
Farinha, bolo e acerola,
Tem um velho de viola,
Chapa, coco e dentadura,
Tem muita manga madura
Dentro de um carro de mão,
Burro, laranja e melão,
E um cão que não provoco,
Eu vendo, compro e troco
Na feira do meu sertão.
Tem buchada e mocotó,
Tripa, cuscuz e mortadela,
Macarrão, ovo e moela,
Carne assada e cozida,
Na feira não falta comida,
Nem roupa e falação,
Nem forró e nem pirão,
Mas ante que desemboco,
Eu vendo, compro e troco
Na feira do meu sertão.