Mineira Idade

Nesta minha mineira idade

Falta-me o tempo

Sobra saudade

Da vaca de tetas murchas

Pastando tranquila

Na beira do regato que passa à porta

Nesta minha mineira idade

O orvalho se faz no pranto

De ouvir o sabiá na mangueira

Cheio de mágico lirismo

Encantar o rude homem

Com as notas do seu divino canto

Nesta minha mineira idade

Desejo o barulho da lenha estalando

Pra esquentar a broa caseira

Deixar no ponto o café

Assar o pão de queijo no jeito

Que não deixa o mineiro a pé.

Nesta minha mineira idade

Faltam-se os causos

O riso das danças

A mesa posta na hora da janta

O lombo na lata

A prosa no beiço

Nesta minha mineira idade

Já não acelero o passo

Me para a saudade

Que aperta o laço

Do povo simples e sua religião

Que ama Deus e teme assombração

.

Nesta minha mineira idade

Falta-me um sorriso amigo

Que acolhe quem aponta na porteira

E mostra na gengiva banguela

No brilho do olhar menino

Gentileza hospitaleira

É nesta a minha mineira idade

Nostálgico de tantas lembranças

Que na muita força do gostar

Meu desejo já não é errar

A mim não faz nem falta

Que Minas não tenha mar.

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 29/11/2010
Reeditado em 24/05/2012
Código do texto: T2644187
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