IARA

Lá vem o caboclo em sua montaria

Abrindo caminho no espelho sereno do rio que o sustenta

Se tiver sorte hoje, vai ter pescado,frito,moqueado,com um bom chibé,mas tem que ser na cuia,com pimenta espremida,e uma cachaça "branquinha" pros beiço molhar!

Espantar o azar do pio agourento de um acauã,de bicho peçonhento que o queira embiar,o deixar panema,Cruz Credo!!! Isola...Um bicho do fundo sua alma "flechar". Mas tem o corpo fechado.Só que um mau augúrio pode o mundiar.

Finalzinho de tarde,o sol preguiçoso,esconde o lombo por trás do aningal, e a lua bem cheia,já surge matreira avisando: Cuidado!!! Hora de respeito,o caboclo sente medo, e já pensa em voltar,mesmo sendo pouco o que conseguiu pescar.

É quando escuta um canto suave,que o deixa atento,de onde virá?

Então vê de bubuia na frente de sua igarité,um capim diferente parecido cabelo de mulher,ele toca com o remo,e pra surpresa sua,ela surge: linda! branca! nua! com seu canto a hipnotizar.

Ele sabe que é ela, a Iara que desde criança o quer "carregar" pro reino encantado dos Caruanas pro fundo do rio,no perau.

-Cuidado pequeno,sai da beira d'água,olha que a Iara ainda vai te "flechar" gritava a mãe aflita de perto do Jirau.

Sabia que era o mal,mas não podia evitar,de olhar mulher tão linda querendo se entregar.

A mata silenciosa,nem parecia escutar,seu coração acelerado no peito moreno,a pele em brasa querendo pecar.

E num desvario alucinado, o corpo ele despiu,e de um só pulo no rio ele caiu...nadou para junto dela,os corpos se encontraram e num longo beijo,eles mergulharam para a cidade encantada,e dizem que vivem até hoje,um amor louco.

Mas tu aí caboclo,se tiver que ir pescar,toma cuidado "pequeno",por que a Iara...pode te encantar!!!