TINGUI – UM BOM SABÃO DO SERTÃO
É somente aqui que há tanto tingui,
No centro poleiro do meu sertão,
Fruto selvagem, malvado é daqui,
O vivo não come, morre em aflição.
O guri sobe nas galhas e pega o tingui,
A mãezinha necessita fazer um sabão,
Fabricando com as mãos, ela é artesã,
Retira as sementes e põe no olho do sol.
Pisa no pilão e massacra que nem um cão,
Latindo à noite inteira faz – Puf-puf,
Puf-puf – puf-puf – puf-puf – puf-puf,
A mão de pilão não se cansa e lança,
Puf-puf – puf-puf –puf-puf – puf–puf.
Ela grita com o filho:
"-Corre pedaço de homi, trás água e lenha,
-Esse pinguelo tá quente, usa teus pés infeliz!
-Num fica aí me oiando com zói de coruja,
-Corre! Num fica aí parado como uma palmeira!
-Traz água e bota fogo na trempe e água na panela!
-Eita diabo quente! Que vida meu Deus!"
A trempe com três pedras tá no chão,
Sobre o qual se assenta ao fogo ardente,
A mágica e grande panela preta de ferro,
É fogo, é tição, brasa, fumaça e abanação.
Ela nunca estudou o que faz a química,
Tem o dom da alma na singela preparação.
Não conhece nem a cadeia de combinações,
Muito menos sabe o que é gordura vegetal.
Com o pano feito rosca na cabeça,
A saboeira do sertão tira e faz um avental,
Livrando-se dos pingos da fervura,
Espera com paciência e apura.
Toda a matéria graxa do tingui,
Na solidez vem tristearina,
E na líquida sai trioleína,
Composição muito complicada.
Divide sem qualquer amparo,
As moléculas químicas da colônia,
Lança no arremate do ponto,
Bagaço de amêndoas de babaçu.
Mexe e remexe, mexe e remexe,
E dá o ponto com uma bordoada na panela,
Que zine e zoa por todo o sertão,
Da minha Sambaíba de Caxias – Maranhão.
Daqui a pouco está pronto o sabão,
Pra lavar a roupa no Riacho dos Cocos,
Da Sambaíba ela faz uma fábrica no sertão,
É a Nega da Tia Joana que faz com emoção.
Avisa ao filho que não deve nunca comer,
E nem jogar a espuma no riachinho,
Senão os peixes vão padecer,
E assim não vai ter peixe pra comer,
Esse bicho é venenoso, ele é um cão,
Mata até baleia no mar do Japão.
É somente aqui que há tanto tingui,
No centro poleiro do meu sertão,
Fruto selvagem, malvado é daqui,
O vivo não come, morre em aflição.
O guri sobe nas galhas e pega o tingui,
A mãezinha necessita fazer um sabão,
Fabricando com as mãos, ela é artesã,
Retira as sementes e põe no olho do sol.
Pisa no pilão e massacra que nem um cão,
Latindo à noite inteira faz – Puf-puf,
Puf-puf – puf-puf – puf-puf – puf-puf,
A mão de pilão não se cansa e lança,
Puf-puf – puf-puf –puf-puf – puf–puf.
Ela grita com o filho:
"-Corre pedaço de homi, trás água e lenha,
-Esse pinguelo tá quente, usa teus pés infeliz!
-Num fica aí me oiando com zói de coruja,
-Corre! Num fica aí parado como uma palmeira!
-Traz água e bota fogo na trempe e água na panela!
-Eita diabo quente! Que vida meu Deus!"
A trempe com três pedras tá no chão,
Sobre o qual se assenta ao fogo ardente,
A mágica e grande panela preta de ferro,
É fogo, é tição, brasa, fumaça e abanação.
Ela nunca estudou o que faz a química,
Tem o dom da alma na singela preparação.
Não conhece nem a cadeia de combinações,
Muito menos sabe o que é gordura vegetal.
Com o pano feito rosca na cabeça,
A saboeira do sertão tira e faz um avental,
Livrando-se dos pingos da fervura,
Espera com paciência e apura.
Toda a matéria graxa do tingui,
Na solidez vem tristearina,
E na líquida sai trioleína,
Composição muito complicada.
Divide sem qualquer amparo,
As moléculas químicas da colônia,
Lança no arremate do ponto,
Bagaço de amêndoas de babaçu.
Mexe e remexe, mexe e remexe,
E dá o ponto com uma bordoada na panela,
Que zine e zoa por todo o sertão,
Da minha Sambaíba de Caxias – Maranhão.
Daqui a pouco está pronto o sabão,
Pra lavar a roupa no Riacho dos Cocos,
Da Sambaíba ela faz uma fábrica no sertão,
É a Nega da Tia Joana que faz com emoção.
Avisa ao filho que não deve nunca comer,
E nem jogar a espuma no riachinho,
Senão os peixes vão padecer,
E assim não vai ter peixe pra comer,
Esse bicho é venenoso, ele é um cão,
Mata até baleia no mar do Japão.