No dia em que ele se foi (á Leonardo Gaúcho)
No dia em que ele se foi
Não se via lua ou estrela
Até a soberana boieira
Recusou-se a brilhar no céu
E a manhã tirou seu véu
De um modo bem diferente:
O dia se destapava em luto
Pela memória de um gaúcho
Que deixava estes pagos que lhe foram inspiração
Pagando ao tempo seu pesado tributo.
No dia em que ele se foi
As guitarras se emudeceram
As cordeonas soluçavam
Sem abrir o fole, sem gemer
Pois ele cumpriu seu dever
De poetizar tempos e amores,
Caminhos de sangas e rios.
Deixou versos pros payadores
Inspiração pra os que viriam
Cantando um sul que já quase sumiu.
No dia em que ele se foi
Nossa estirpe ficou abalada
Mais nos reconfortava a esperança
Que ele passava em sua obra
Até o Rio Grande rebrota
Em céu, sol, sul, terra e cor
Que o belo poema que plantaste
Como dever, em nossa alma cresce
De levar a tradição á frente
Florescendo por ela cada vez mais nosso amor!