Retrato da Payadora (entre garras e guitarras)

Sou herdeira do trono

Da gaúcha pátria sem dono

Benção dos ancestrais;

Entre relinchos de baguais

Garras, manéus e peçuelos

Desenhei meu destino eu mesma,

Sem sequer olhar pra trás.

De certo já fui caudilha,

Maragata, farroupilha,

Guerreira de Viamão,

Fui benzida de antemão

No ventito da coxilha

E, como a flor da maçanilha

Brotei a esmo no rincão.

O tempo passa atarantado

Sem costeio e desbocado

Leva vidas e penas;

Mas no tilintar das nazarenas

Acho que o tempo para,

Se não, ao menos se cala

Pra ouvir um cantar de chilenas.

E assim é a minha estrada

De tardezita a madrugada

Sigo perdida a declamar.

Se me gusta, posso até cantar

Sobre um solo de guitarra

Entonada sobre as garras

Matando a saudade de rir e chorar.

Danielle Lorenzi
Enviado por Danielle Lorenzi em 08/07/2010
Reeditado em 22/08/2011
Código do texto: T2365787
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