(Fazenda Algodões by prima Maria Eduarda Freitas)
Refúgio dos Meus Ansiares e Contemplação
Sertão refúgio dos meus ansiares, contemplação dos meus fervorosos pensares que quase sempre a cidade nos trazem ao odioso pretexto da modernização, gosto de andar por lugares, observar a simplicidade nos ares sem vestígios de preocupação, sentir o cheiro molhado da terra, que sempre ansiosa espera brotar a esperança do chão, maxixe, abóbora, graviola, acerola, melancia, carambola, siriguela, milho, romã, melão, manga, alface e tomate, farturas bastantes eficazes, elixires contra lamentação;
Olhar as estrelas brilharem, saudando o luar que ventos frios trazem, escutar os causos nos bares, desfrutar dos olhares fugazes que nativos desconfiados nos dão, colher umbus na sacola, observar o jumento que ignora, e os calangos que correm no chão;
Me emocionar com a Asa Branca que implora aguardando o chover quase em vão, rolinhas astutas que se embolam ingerindo bruscamente os grãos, camaleão camuflado na algaroba espreitando a próxima refeição, borboletas que as flores namoram, saltitando em meu coração, mandacarus esguios e valentes, os poéticos combatentes da estiagem voraz e sem perdão;
Tomar o leite na aurora,retirado da mama que outrora saciava um bezerro chorão, galos de campinas assustados,jandaias voando no embalo, apreciar o cantar do azulão,procurar mel de abelhas que nas colméias centelham o doce amargo do chão, emas sorrateiras, salamandras silenciosas e rasteiras, cascavel que com o chocalho se bronzeia, nas rochas,troncos ou nos vãos;
Observar ao longe as novenas, as meninas aglomeradas nas praças, aromas suaves de loção,bolas de gude na areia, bilhar sambado que falseia quase caindo em um salão, pião que rodopia na ladeira jogado por uma habilidosa mão, menino que passa aos berros em cima de um carro de rolimã, passos do bébado que vagueia se escorando para não ir ao chão, e o doido que alardeia conversando com as suas meias acompanhado da solidão, o barbeiro que penteia o cabelo lustrado do cliente passando gel que gruda na mão, e o entardecer que não se assemelha a sua melhor divagação;
Sertão refúgio dos meus ansiares, contemplação dos meus fervorosos pensares que quase sempre a cidade nos trazem ao odioso pretexto da modernização, gosto de andar por lugares, observar a simplicidade nos ares sem vestígios de preocupação, tomar banho de açude com a fundura que ilude perigosa diversão, fazer fogo lá na beira junto com nativos que tão somente ansiam devorar a tilápia com o pirão, observar a alegria em tão simples ceia, gente simples que falsea as dores encravadas em um gibão, não tem a maldade que permeia nos grandes centros de ilusão, volto sempre com os penares de se sair da abstração, coloco em versos o que me norteia, refúgio dos meus ansiares e contemplação, voltando, deixo por lá as minhas veias que oxigenam o meu coração.
Refúgio dos Meus Ansiares e Contemplação
Sertão refúgio dos meus ansiares, contemplação dos meus fervorosos pensares que quase sempre a cidade nos trazem ao odioso pretexto da modernização, gosto de andar por lugares, observar a simplicidade nos ares sem vestígios de preocupação, sentir o cheiro molhado da terra, que sempre ansiosa espera brotar a esperança do chão, maxixe, abóbora, graviola, acerola, melancia, carambola, siriguela, milho, romã, melão, manga, alface e tomate, farturas bastantes eficazes, elixires contra lamentação;
Olhar as estrelas brilharem, saudando o luar que ventos frios trazem, escutar os causos nos bares, desfrutar dos olhares fugazes que nativos desconfiados nos dão, colher umbus na sacola, observar o jumento que ignora, e os calangos que correm no chão;
Me emocionar com a Asa Branca que implora aguardando o chover quase em vão, rolinhas astutas que se embolam ingerindo bruscamente os grãos, camaleão camuflado na algaroba espreitando a próxima refeição, borboletas que as flores namoram, saltitando em meu coração, mandacarus esguios e valentes, os poéticos combatentes da estiagem voraz e sem perdão;
Tomar o leite na aurora,retirado da mama que outrora saciava um bezerro chorão, galos de campinas assustados,jandaias voando no embalo, apreciar o cantar do azulão,procurar mel de abelhas que nas colméias centelham o doce amargo do chão, emas sorrateiras, salamandras silenciosas e rasteiras, cascavel que com o chocalho se bronzeia, nas rochas,troncos ou nos vãos;
Observar ao longe as novenas, as meninas aglomeradas nas praças, aromas suaves de loção,bolas de gude na areia, bilhar sambado que falseia quase caindo em um salão, pião que rodopia na ladeira jogado por uma habilidosa mão, menino que passa aos berros em cima de um carro de rolimã, passos do bébado que vagueia se escorando para não ir ao chão, e o doido que alardeia conversando com as suas meias acompanhado da solidão, o barbeiro que penteia o cabelo lustrado do cliente passando gel que gruda na mão, e o entardecer que não se assemelha a sua melhor divagação;
Sertão refúgio dos meus ansiares, contemplação dos meus fervorosos pensares que quase sempre a cidade nos trazem ao odioso pretexto da modernização, gosto de andar por lugares, observar a simplicidade nos ares sem vestígios de preocupação, tomar banho de açude com a fundura que ilude perigosa diversão, fazer fogo lá na beira junto com nativos que tão somente ansiam devorar a tilápia com o pirão, observar a alegria em tão simples ceia, gente simples que falsea as dores encravadas em um gibão, não tem a maldade que permeia nos grandes centros de ilusão, volto sempre com os penares de se sair da abstração, coloco em versos o que me norteia, refúgio dos meus ansiares e contemplação, voltando, deixo por lá as minhas veias que oxigenam o meu coração.