HORA VELHA

Derna que o sertão é gente

Se ouve causos do tipo

De terror, de susto grande

Se ouve cada berrante

Que faz tremer os cambito

La pras banda do sertão

Deu dez horas é a noite velha

Hora de assombro e uivar

É hora que todo povo

Vê visage no lugar

Quando o sol se faz partida

Os lugar já se ajeitam

Que é pra na hora de entrar

Antes de alguém se assustar

Já teja tudo arrumado

Pois num tem caboco brabo

Que quando da hora velha

Num corra pra casa arribado

Hora velha,é coisa velha

De gente que viveu no passado

De caboco amendrotado

Que já viu de quase tudo

Hoje vive na varanda

Sentado na cadeirinha

Conhece tudo que é lenda

E é amigo de tudo que é alma

Chega,senta e toma um copo

Que ele mantém toda a calma

Num lugar como sertão

Que o mato é ressecado

Formando nos galho seco

Todo tipo de pecado

A noite se faz escura

Trazendo as assombração

De vez enquando no bar

Se ouve uma confissão

De que se viu pelo mato

O bando de lampião

De tudo já viram um pouco

Bicho,criatura e morto

Tem mula sem cabeça

Perna cabeluda

Alfinete de almofada

Finado de gaucha

Tem mestre de senzala

Peão aboiador

Escravo morto no tronco

E bicho sugador

Vou dizer pra o cumpade

Que gosta de muito andar

Que quando der hora velha

Se agarre mais a cumade

E se arribe pra algum lugar

Que quando assombro sai de noite

Procurando diversão

Num quer saber se é

Véio,moça ou menino não

O alerto já foi dado

Dei aqui o meu aviso

Todo home que sabe

Que tem um poquin de juízo

Num carece de medo

Nem de correr muito não

É so ficar atento

Na hora velha do sertão