O QUE EU SOU AGORA E TUDO ISSO QUE JÁ FUI

Eu sou nordeste

Eu sou sertão

Sou grau aparentado de Virgulino Lampião

Sou toró

Sou pingo de gente

Sou picada de serpente

Que num instante presente

Deixa um cába no chão

Eu sou casca de madera envelhecida

Aquelas casca cumida

Pelo tempo do passado

Pedaço um poco serrado

Pedaço um poco sofrido

Já vi tanto do zunido

De tudo já fui um pingo

Nas historia do passado

Sou pedaço de rio que corre pra dois lados

Um dia já fui do céu

Quando ainda era so chuva

Cai foi de desgosto

Pois o gado tava so o osso

A terra preta pedreda

Num tinha um tantim de NADA

Hoje o mato é verde uva

Um dia também eu já fui vento

É! vivia vuando no relento

Levando beijinho de menina

Esfriava a noite das campina

Sem vergonha entrava em quarto alheio

Pra espiar o sono das donzelas

Que com frio se cobriam por inteiro

Preu num ver nem um fio de cabelo

Nem tocar um tantim na péle delas