DA ÚLTIMA MANGUEIRA

NO MEU TEMPO DE MENINO NÃO TIVE TEMPO DE PERCEBER;

POR QUANTO TEMPO ESSAS TERRAS DO GRÃO PARÁ

PODERIAM ME ENTRETER.

AO VER UM PÉ DE AÇAÍ À BEIRA DA ESTRADA;

E OS PASSARINHOS EM REVOADA;

NUM UNIVERSO DE IMENSAS MATAS;

TUDO ISSO NÃO MATA

A EXTENSA SAUDADE DO LUGAR QUE NASCI.

À VISTA DO RIO QUE PARECE MAIS UM OCEANO;

REVEJO A PAISAGEM, MEUS PLANOS E ENGANOS;

ESPERO AINDA AO FIM DESSE ANO;

VOLTAR O TEMPO PRA PEGAR A CONDUÇÃO;

NA CONDIÇÃO DE PAGAR AS PROMESSAS QUE FIZ E NÃO CUMPRI.

MEU DEUS PORQUE QUE TEM QUE SER ASSIM?

PORQUE MEUS BRAÇOS NÃO CONSEGUEM ABRAÇAR;

TODA A BELEZA QUE JAZ EM MIM;

JUNTANDO OS QUE EU AMO NO MESMO LUGAR.

MAS NA HORA QUE CHEGAR O FIM;

QUERO COLHER AS FLORES DO JARDIM;

QUE REGUEI COM AS ÁGUAS DOS MEUS OLHOS

QUE BROTAM DE UM IGARAPÉ MIRIM.

QUE INUNDAM MEU ROSTO E ALAGA O MEU RIO;

DE JANEIRO A AGOSTO, DE SETEMBRO A DEZEMBRO;

COM AS ÁGUAS DE MARÇO, SE BEM QUE ME LEMBRO;

PREENCHEM O MEU TERRITÓRIO E O MEU VAZIO.

APESAR DE TODO CONTRADITÓRIO;

JÁ NÃO SEI AO CERTO ONDE COM ESTES VERSOS QUERO CHEGAR;

SÓ SEI QUE DE QUALQUER MANEIRA;

ATÉ QUE CAIAM AS FOLHAS DA ÚLTIMA MANGUEIRA;

ONDE QUER QUE EU ESTEJA OU POR ONDE EU FOR DESCANSAR;

JAMAIS EU QUERO PERDER AS RAIZES DO MEU PARÁ.

PEDRO FERREIRA SANTOS (PETRUS)

Na Rodovia. PA 041 (Belém à Marudá)

26/04/10