Rios de nossa terra.
Tranquila vai a canoa
e eu sózinho a remar.
Começo a me lembrar
de tudo que já vivi,
dos meus tempos de guri
de alegrias e mágoas
e chego ao "encontro das águas"
do jacuí com taquari.
Nesse lindo casamento
que forma sua confluência,
enxergo minha querência
a terra que me seduz
bem lá no alto uma cruz
que é símbolo de devoção
e vejo com emoção
a igreja do Bom Jesus.
Sinto que nossos rios
são iguais a um poema,
é época de piracema
e a isca não vou jogar
pois tenho que respeitar
o peixe em migração
procurando condição
e um canto pra desovar.
Paisagem de grandeza
com ilhas muito bonitas
das Pedras, das Cabritas
e eu guardando o anzol.
Mas, cadê a do Farol
que existia aqui bem perto?
Indicando o rumo certo
em noites e dias sem sol.
Pois preservar é o jeito
pra que não haja tristeza
não acabem com essa beleza
por ganância e ambição,
evitem a poluição
com o óleo que cai da draga
que a água dos rios estraga
causando a destruição.
O sol já está se pondo
estou sólito pensando,
não vou ficar lamentando
nem mesmo ficar parado
com meus filhos do meu lado
e muita dedicação
semearei a conscientização
do que deve ser preservado.
Tranquila volta a canoa
e eu sózinho a remar.
Está na hora de empunhar
a bandeira bem erguida
seguir bem firme na lida
se preciso enfrentar gerra,
pelos "Rios de nossa terra"
enorme fonte de vida.
* Poesia vencedora do "Festival de poesia Reinaldo Leal"
2008. Festival esse que acontece no rodeio de Triunfo e que teve nesse ano o tema "Encontro das águas do rio jacuí com taquari.