RIO JAGUARIBE
RIO JAGUARIBE
(o entardecer)
Victor Jerónimo
Pequenas ondas beijam o madeirame do velho cais,
Pouco falta para que o velho Jaguaribe, se entregue no mar.
No sítio do Jacaré, todo o mundo espera o momento de soltar seus ais,
Até as garças levantam voo e nos saúdam no seu belo voar.
Um acorde de violino fere num momento o circundar do espaço,
Todo o mundo fica quedo e mudo escutando o som.
Os olhos, esses viram-se para o belo disco com raios de aço
E os acordes vão subindo, do violino, o Bolero de Ravel no seu belo tom.
O disco vai perdendo a sua força e termina seu dia em grande fulgor.
Um velho sem idade e vestido de negro, empolga-nos com seu violino,
E, finalmente, a Ilha do Stuart recolhe no seu seio todas as cores.
O belo entardecer vai lentamente dando lugar a uma noite sem lua.
E acordes lamentosos da Avé Maria elevam-nos em meditação,
É noite escura e pequenas ondas acariciam o velho cais.
07.10.2004