ORAÇÃO A SAMPA!
Cruzo a Ipiranga do *verso de Caetano,
Ainda de mãos dadas (quase) à mesma São Jõao!
Embora entre tantos sinais de abandono
Bela megalópole - dói-me o coração!
Pelas madrugadas crianças nas calçadas
Drogas às cachimbadas, se vê de montão!
Vidas tão precoces são dilaceradas
Pela negligência dum poder...em vão.
Dantes o sol nascia na cidadezinha
A iluminar um sonho...e até então,
No pateo do colégio já nos reluzia
O primeiro verso... feito de ilusão!
Agora o sol renasce em cada alvorada
Já transfigurada pela poluição!
Raios descortinam a tenra madrugada
A denunciar o que se vê no chão.
Gente esparramada, vítima da desgraça
Dum solo transformado num imenso piscinão!
Das chuvas que deságuam na sujeira armada...
A fazer boiar assustador lixão.
Aos* "deuses da chuva" eu lhes peço-trégua!
Coração de poeta.. sempre é prontidão,
Que nossas esquinas...embora tão *concretas,
Possam versejar alegre abstração.
Soma -se a violência desde o centro antigo
-Alvo da chamada revitalização-
Até aos nobres bairros também atingidos
Pela progressiva desumanização.
Já não há poder,nem o *poder da grana!
Que possa reverter a triste situação,
No verso de Caetano de emoção tamanha,
Eu venho decantar minha decepção.
Há um turbilhão dentro do meu peito
Que de qualquer jeito vem a me acionar...
Quase aniversário da nossa São Paulo
E eu queria ter o quê comemorar.
Então à Deus eu rogo pela Sampa querida!
Que de "lá de cima" nos mande a solução...
Pois alguma coisa, aqui na minha ferida
Diz-me que o caminho é só o da oração.
Que na mesma esquina do verso de Caetano
Possam os paulistanos darem as suas mãos
A todo o contingente que neste solo urbano
Fazem de São Paulo um povo...um todo irmão...
Nota:
* Alusões à belíssima composição de Caetano/Sampa