UMA CARA

Oi, minha cara cidade

Tem uma 'cara" que não me tens

Tens uma cara de que me queres

Ou sou eu quem mais a quer?

Como uma menina moça te vejo

Assim, num lance, num relampejo

E quando a olho de soslaio

Sou um pobre lacaio

Pois, não sei quando chego

E nem sei quando eu saio.

A saudade me consome, devora

Mas, me põe diante de ti

Crescestes, é verdade e é hora

E mal guardastes o meu pequi

Ai quem me dera poder estar em ti

Como estais dentro de mim

Acordar em tuas manhãs

Almoçar em teu sol

Entardecer em tua sombra

E anoitecer em tua lua

Encontrar e conversar com tua gente

Pessoas tipo Lemão, Nariz, Dezo, Dejaime,

Anjo do Barrocão, Dió, Sulina, Miliano,

Coioia, Ulisses, Yeyé, Uma-uma, Justina...

E tantas outras que já se foram

Chamadas ao balcão da eternidade.

Aonde andam então Leocádia, Fulô,

Bernardina, Gregório ... Silvano, Zim, Simira

E tantos e tantos que eu nem sei

Se esqueço ou se compadeço

Com suas dores ,dramas e danações.

Ó minha cara cidade

Eu nem quero me despedir de ti

Eu quero mesmo é estar aí

Provando talvez, teu último buriti

Afogando em tuas correntezas

As minhas mágoas e incertezas

Que a vida bem me trouxe

Como que num ar de agrado

Pensando estar eu bem sarado

Andando pelas ruas com um alforje de saudades.

___________________________________________________________

Salvador-BA, num 12-02-2004 de muitas saudades de Correntina.

Alorof
Enviado por Alorof em 28/11/2009
Código do texto: T1948913
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.