ENTRE A FÉ, A SECA E O FEIJÃO.

ENTRE A FÉ, A SECA E O FEIJÃO

No infinito do agreste

caminham pés descalços de esperanças,

entremeando sonhos perdidos na terra quente!

Pra suportar tem que ser valente

da criança ao cabra da peste!

Lá no céu urubu faz ronda com seu olho zombeteiro

pode ser a novilha, cabra, ovelha e até o burro,

sem sussurro come o que morrer primeiro...

Meio dia, sol a pino,

menino faminto não empina papagaio.

Meia noite, ó Divino, manda chuva ou orvalho

que a gente planta esperança

canta missa e canta galo fazendo da manhã agasalho...

Cá na terra planto milho, feijão e até maxixe

vou plantar um pé de reza, um de amor e de cajá

nas terra lá de Brasília quero ver no que vai dar, ôxe,vixe!

Meu São José dá-me licença para o pastoril dançar

Louvo a Deus nosso senhor

seu moço não sou doutor,

só sei mesmo mal rezar e com rosário na mão

proverá Frei Damião pro inverno desaguar...

Toca o fole Gonzagão que a chuva molha meu rosto

Caruaru te prepara, Campina não se intrometa

quero na praça retreta, quero festa, quero foto!

De Campina quero um forró,

De Caruaru um xaxado, de Limoeiro um Coco de Roda.

De Recife um frevo, ciranda de Itamaracá é a moda

Quero agora a raça unificar de norte a sul essa nata

De Nazaré da Mata, me tragam o Maracatu...