ALMA HARAGANA
Barreadas de amores, cantilenas de infância
sussurram nas paredes
e o tempo andeja nos retratos.
Lufadas de vento cochicham nas frinchas
genuinos retovos da história
no repertório da lida.
Escorrem por elas cativos caminhos
lutas de sobrevivência
gretados grilhões, amores e liberdade.
Nalguma tapera os ancestrais convivem
nas artérias de pau-a-pique
e o olho do tempo saluda a alma haragana.
Canta no coração do poeta
a celeuma dos que se foram
e o canto dos vivos é a voz das rãs e dos grilos.
O canto dos amores soluça emponchados cricrilos
e o espelho das ausências saltita nas invernias
entre fogachos e picumãs.
– Do livro inédito A BABA DAS VIVÊNCIAS (De quando o coração abre a cordeona), 1978/2013.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/1926413