Chuva da tarde

Belém, que se cerca de caudaloso rio

Turva linha que delimita sonhos

Expõe paixões

Bela e morena, que chora a chuva sagrada

Das tardes e calçadas molhadas

Calor e flora que aflora

E salta os olhos e os rostos

Compõe em si um mosaico

De Suores, desejos, cheiros e sabores.

E acolhe como ninguém

Filhos fecundos e de outros mundos

Que aportam tua orla

E abraçados como se só um

Nunca voltam às origens

Percebem aqui valores

Provam teu puro açaí

E sucumbem aos teus frutos

Cupuaçu, bacuri, tucumã e araçá

Tacacá, jambu que adormece os lábios

Ver-o-peso da tua saudade

De um dia voltares

E ver o mar de fé

Do círio de Nazaré

Mãe de Deus

Que renova em nós a vida

Natal para ti em outubro

E ouves ao fundo

O curimbó

Verequete

Pinduca

E os velhos sinos

Das velhas igrejas

Que um certo Landi, italiano

Em ti construiu e ornou

Majestosa e tardo barroca ficastes

Mais bela ainda

Sonolenta e imponente

Eterna Belém

Meu eterno admirar.

Zé Nandes
Enviado por Zé Nandes em 10/10/2009
Reeditado em 13/10/2009
Código do texto: T1859117
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