MOTIVOS PARA SONHAR...

No verso agreste da fala,
Na fala curta – desconfiada,
Na “mineirêz” que exala,
A exclamação enviesada.

No jeito sem jeito de olhar,
Na quietude de “comer pelas beiradas”,
No fascínio que tem pelo mar,
Na travessia da invernada.

Na busca silenciosa da verdade,
Na cadência da vida sertaneja,
No gesto de religiosidade,
Na transparência que a alma deseja.

No chão bruto – fruto da estiagem,
Na resistência em sair do lugar,
Nas cantigas que amenizam a paisagem,
Trazem motivos para sonhar...

No canto do galo que anuncia,
Uma nova manhã,
No semblante cansado,
Mas, esperançado da anciã,
Que sofre mais do que merecia.

Na solidez envolvente,
Das montanhas e seus minérios,
Na satisfação que a minha alma sente,
Por fazer parte dessa terra, dessa gente,
Dessas “muitas Minas” e seus mistérios.