HOMENAGEM A AUGUSTO DOS ANJOS

Ele já foi decantado

Por todos os trovadores

E bons improvisadores

Do verso escrito e cantado.

Desde os vates do passado,

A arte desse poeta

Aponta como uma seta

O objetivo da vida:

O belo é a grande meta.

Mesmo falando da morte,

Esse poeta do “Eu”

Que aqui em Sapé nasceu

Tinha a natureza forte

Pois a beleza era o norte

De sua obra imortal,

Criação original

Da mente do mestre Augusto

Por isso eu digo sem susto:

Excede o bem e o mal.

O seu cantar era aberto

À criação mais poética

Porém sem respeitar ética,

Sem ser errado nem certo.

Um linguajar bem liberto

Dominava a criação

Desse gênio brasileiro

Morrendo em solo mineiro

Longe do amado torrão.

Todas as comunidades

De doutor e acadêmico

Estudaram o verso anêmico,

Fora das realidades,

Constatando essas verdades

Como coisa de doente,

Mostrando para o vivente

Que somos apenas pó

E no mundo estamos só

Com a solidão da gente.

Augusto e o inventário

Da dor e da solidão

Transformou-se num filão

Para poeta lendário,

E até um certo otário

Sem caráter e sem talento

Com a cabeça de vento

Se diz sucessor de Augusto.

Eu ouço e até levo um susto

Diante de tal intento.

Um poeta verdadeiro

Augusto dos Anjos é.

Eu comparo com Pelé:

É o único e derradeiro.

Lembrado no mundo inteiro

Já faz parte da História

Para nós é uma glória

No aspecto cultural

O poeta genial

Vive na nossa memória.

Todo encolhido nas asas

Do corvo agourando a morte,

Diz o poeta que a sorte

É nuvem em cima das casas,

É lama nas covas rasas

Lá no Engenho Pau D’Arco

Onde se deu bem o marco

Do nascimento do artista

Que colocou bem à vista

Da alma humana o charco.

84 era o ano

E o século dezenove.

Lentamente já se move

Esse poeta troiano

De cuja obra eu me ufano

Sem medo da podridão

Arrastando o coração

Do homem com seu escarro

Pois somos feitos de barro

E o destino é o caixão.

No dia 20 de abril

Comemoro o nascimento

Desse homem de talento

Que aqui em Sapé surgiu

Pois o mundo nunca viu

Tanta arte e irreverência

Com a clara consciência

Da nua realidade:

A tragédia e a maldade

De nossa humana vivência.

No mais, tudo é teoria,

Só lendo os versos do “EU”

Pra sentir como sofreu

Augusto em sua agonia

Descrevendo a anarquia

Que é a natureza humana

Com a crença soberana

De uma obra singular.

Augusto foi e será

O maior nessa porfia.

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 06/07/2009
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