A CAIPIRA QUE MORA EM MIM

Moro na cidade grande

onde tudo é moderno

e nada é proibido

mas em todo lugar que eu ande

eu não vejo o eterno

que tem no meu chão querido

Eu gosto da vida com a sua simplicidade

mas quem mora na cidade

não sabe o que é isto

ninguém presta atenção em nada

nem o luar mais prateado

pelos olhos é bem visto

A vida é uma correria

fica pequeno o dia

e as pessoas acham que vivem

Não se dão conta da beleza

ofertada pela mãe natureza

que entre a noite e o dia se dividem

Tenho pena desta gente

que cheira poeira de asfalto

e respira poluição

Bom mesmo é cheiro de mato

mas esta diferença só sente

quem viveu em igual chão

O ruído dos motores

tão habitual aos seus ouvidos

não faz diferença qual seja

Não conhecem o som dos pássaros cantores

esqueceram os seus sentidos

na pressa de buscar o que deseja

Se esta gente soubesse

o quanto é bom nadar no rio

brincar nas capoeiras

mas cada um vive o que carece

nesta vida em desafio

sem conhecer as belezas verdadeiras

Eu ainda sinto a vida

que vivi na mocidade

mesmo nesta confusão

e para dizer da minha vida bem vivida

aquela que deixará saudade

eu só tenho a lembrar do meu pedaço de chão

Lá eu cresci sem pressa

os jovens tinham tempo para brincar

e sem nenhuma maldade

Hoje é um tal de "eu vou nessa"

pois o tal do “ficar”

é a moda e o tempo da cidade

Que me chamem de ultrapassada

mas este é meu modo de ver a vida

não vivi, nem vivo uma mentira

e não me importa que eu seja criticada

eu me sentiria sem identidade, perdida

se anulasse o meu lado caipira

Célia Jardim

Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 14/06/2009
Código do texto: T1648551
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