MENINO PANTANEIRO

Tratei dos porcos

E fui destratado!

Ordenhei a mimosa

Mas seu leite

Fora-me negado.

Molhei os pés no orvalho

Que lá do céu caía

E meu rosto de lágrimas,

De um choro desconsolado

Mas que ninguém ouvia.

Tinha dever de homem...

O meu corpo de menino.

Infância... Só conheci de nome!

Meu pai era lavrador...

E o seu oficio, o meu destino.

Mas não era só tristeza...

A vida lá no sertão.

De manhã os bem-te-vis

Desfilavam majestosos

No lombo do alazão.

As flores desabrochavam

Como um sorriso de princesa

E toda minha angustia

De repente se entregava

Aos encantos da natureza.

Porém do resto do tempo,

Não gosto nem de lembrar!

Meu corpo seguia de arrasto

Entre tocos daqueles pastos

Que eu tinha que destocar.

No pino do dia...

Um gole de água quente.

A sombra que sobrava,

Eu ainda disputava

Com o bote das serpentes!

E quando noite chegava

Trazia os espectros sombrios,

Meus fantasmas, meus amigos!

Que pelas frestas do meu abrigo

Compartilhavam do meu frio.

Hoje estou crescido...

Mas preso em minhas lembranças!

Em meu desespero,

Era eu aquela criança...

O menino Pantaneiro.

Teodoro Poeta
Enviado por Teodoro Poeta em 07/06/2009
Reeditado em 01/05/2011
Código do texto: T1636341
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