Tocantins

TOCANTINS

Toca, Tocantins!

Toca. Toca em frente!

Toca. Toca lira,

violão plangente.

Toca tosca viola de seresteiro tristonho e de lânguido olhar,

á espera de não-sei-o-quê...

Toca e deixa tocar em tua margem e homenagem esta triste música

de um amor findo ou de um náufrago perdido.

Toca, Tocantins!

A todo vapor, ou a velas, no embalo dos ventos, as tuas caravelas.

Pede passagem.

Toca no teu, no meu, no nosso infante peito, sem relembrar o tempo em que eras selvático e os homens humano!

Toca, tempo, Tocantins!

Deixa tua marca, feito tatuagem em nossa mente e segue viagem.

Chora!

Sobretudo, chora!

Chora, Tocantins!

Chora comigo esta mística música de teus ribeirinhos – de crianças órfãs,

(ou mães desprezadas),

de jovens cansados de tanta desesperança...

árvores desfolhadas, paisagem desbotada de tom um laranja

Pranteia e deixa transbordar em teu largo leito.

Álveo de paz,

pois tens o teu, o meu, tens o nosso coração de Amazônia repleto,

de amores sofridos,

mas de braços abertos.

Toca, Tocantins!

Toca, imperador!

Tens um mundo aos teus pés: Imperatriz, Araguaína, Gurupi, Marabá,

Itupiranga, Baião, Cametá.

Podes fazer o que bem quiseres

e o que fizeres será bem feito.

Toca. Toca Tocantins esse barco à deriva – que é a vida

a vida, havida.

Mas não esqueça de levar-me contigo...para o mar!

Para amar. Para Am a r !

Toca, toca firme, és soberano.

Toca e corre para os braços do oceano.