Bairrismo

BAIRRISMO (Apologia)

As águas de outras terras

Já não saciam a minha sede.

A brisa de outros vales

não ameniza meu calor.

É o luar de minha terra

que clareia tanto assim,

ou é o sangue nordestino

que enraíza este bairrismo dentro de mim?

Por que os pássaros que gorjeiam em outras plagas

não me dizem tantas coisas que escuto aí,

de asas-brancas, rouxinóis e sabiás,

por que será, oh patativa, oh bem-te-vi?

É que a relva que floresce em minha terra

tem mais fortum, tem mais raiz, tem mais olor,

- ou serei eu que vejo assim:

com olhos de xexéu que furta a cor?

É que sou raiz, sou caatinga, sou agreste,

sou cangaceiro, violeiro, cabra da peste,

fonte límpida da Serra da Borborema

a gerar luz e poesia, jorrando amor!

ancelmo portela (poetaportela)
Enviado por ancelmo portela (poetaportela) em 19/05/2009
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