O PEREGRINO DAS PEDRAS...
Logo mais, a noite estará de volta,
e tenho que acreditar
que alcançarei o mesmo milagre.
Porém já não estarei mais perdida
na estrada próxima a "Bom Jesus dos Perdões"...
aonde eu buscava pela "Pedra Grande".
Eu não sei o quê há comigo.
Eu nunca encontro o caminho das pedras!
-Por favor, o senhor sabe aonde fica a Pedra Grande?
-Sei não, dona. Sô daqui, não!
Ele vinha, só vinha...e vinha só.
Vinha do "norte" caminhando por todas as pedras.
Desceu pelo Rio, passou pelas Minas,
e agora procurava pela Aparecida,
amassando sob seus calos, um caco de sapato rasgado...
-Pago promessa dona, alcançei minha graça,
e agora tô com fome. Tenho que chegar.
E tinha, eu bem sei.
Sempre temos que chegar, ainda que "perdidos" pelo caminho das pedras...
e pelo entorno dos perdões.
Retornei pela estrada, sem caminho...deixando minha pedra para trás.
Senti saudade forte...de todas as pedras!
"Bom Jesus dos Perdões"...
Sosseguei, porque sei que há sentimentos indignos até dos indultos!
De súbito, o pôr -de- sol das montanhas refletido no asfalto da volta.
O espetáculo não era só perdão, era milagre!
Segui em frente ...iluminada...e ofuscada.
Mas rumo à noite... que sempre volta.
NOTA:
"Em homenagem à belíssima região do trajeto das Bandeiras, próximo à Atibaia"
Agradeço ao peregrino real, cuja realeza me inspirou o presente poema.