MILONGA, GUITARRA E CORDEONA
Esta essência milongueira
Presa n’alma da guitarra,
É tropa que não desgarra
E cruza certo a porteira,
Se tem batidas guerreiras,
Tem acalantos matreiros,
E um dedilhar fogoneiro
Pras décimas galponeiras.
Ao som desta milonguita
Canto o pago e a indiada;
Nos acordes da encordada
E soluços da cordeonita,
Parece que o campo grita
Num verso que cala fundo,
Pra gente do sul do mundo
Não há coisa mais bonita!
Milonga, guitarra e cordeona.
Cordeona, guitarra e milonga.
As rimas mais redomonas
Se espojam na noite longa!
A guitarra traz no bojo
Cheiro de revolução,
Sinal de chumbo e facão
Com acordes por regalo.
O verso vem de a cavalo
E outra milonga se entona,
Igual potranca gaviona
Que se livrou de um pealo!
Quem tem alma querendona
Firma um xucro sentimento
Espalha sonidos ao vento
No tilintar das choronas.
Quem sovou basto e carona
Sorveu o verdor do pago
Nas noites de tragos largos
Milonga, guitarra e cordeona!
Melodia: Kiko Goulart