MILONGA, GUITARRA E CORDEONA

Esta essência milongueira

Presa n’alma da guitarra,

É tropa que não desgarra

E cruza certo a porteira,

Se tem batidas guerreiras,

Tem acalantos matreiros,

E um dedilhar fogoneiro

Pras décimas galponeiras.

Ao som desta milonguita

Canto o pago e a indiada;

Nos acordes da encordada

E soluços da cordeonita,

Parece que o campo grita

Num verso que cala fundo,

Pra gente do sul do mundo

Não há coisa mais bonita!

Milonga, guitarra e cordeona.

Cordeona, guitarra e milonga.

As rimas mais redomonas

Se espojam na noite longa!

A guitarra traz no bojo

Cheiro de revolução,

Sinal de chumbo e facão

Com acordes por regalo.

O verso vem de a cavalo

E outra milonga se entona,

Igual potranca gaviona

Que se livrou de um pealo!

Quem tem alma querendona

Firma um xucro sentimento

Espalha sonidos ao vento

No tilintar das choronas.

Quem sovou basto e carona

Sorveu o verdor do pago

Nas noites de tragos largos

Milonga, guitarra e cordeona!

Melodia: Kiko Goulart

Ramiro Amorim
Enviado por Ramiro Amorim em 02/05/2009
Código do texto: T1571396