IGUAL À CIGARRA
Tarareando abro a cancela
E penso no rumo da vida,
Não tem carreira perdida
Pra quem corre junto dela;
E sendo a cancha comprida,
Eu meto patas com ela!
Numa mangueira de quina
Só pealo de sobrelombo.
Não sei quem leva mais tombo
Se o gado ou eu nesta sina.
Nem pude dar c’os costados
Nas “criollas” da Argentina!
Um truco é o que me amarra,
Com flor meu verso é bonito!
Nunca alguém me viu solito
Sem pingo, cusco e guitarra,
Cantando igual à cigarra
No velho pago bendito!
Um laço de quatro tentos,
Arreio forte e cachorro;
Pelas chapadas e morros
Com eles tiro o sustento.
Bem de a cavalo num mouro,
Tranqueando de contra o vento!
Neste mourito tapado
Encurto a querência grande,
E quando a alma se expande
Num rodeio do outro lado,
Eu vou sem ter quem me mande
Pra rosetear um aporreado!