NOS VARZEDOS DAS ESTÂNCIAS
Trago nos olhos o céu azul desta pampa
E na garganta o pó das lides de mangueira.
Rodeios grandes de touros tramando guampa
E uma saudade “a picanear” a vida inteira!
Galopeei potros nos varzedos das estâncias
E das tropeadas trago poeira no chapéu!
Se uma guitarra amadrinha minhas ânsias,
Corto distâncias pra cantar em São Gabriel!
Como o rodado grande das velhas carretas,
Meu canto xucro vai cortando este rincão.
Ecoa ao vento nas carreiras e carpetas...
Bandônio ao braço e as esporas no garrão!
Risquei caminhos por campos e corredores,
Deixei amores nas vilas e rancherios...
Da minha gente levei o brio e os valores.
Calma que espera pela vazante dos rios.
No reculuta e nos campos do M’Batovi,
Nalgum bochincho pros lados do Pau Fincado.
Vão meus recuerdos galopando por aí...
Dando garupa pra prenda do meu agrado!
Meu verso xucro, como um bocal atado,
Vem bem firmado, sem atropelo ou gambeta.
Tem os lamentos do berro triste do gado,
E os gemidos estradeiros das carretas!
Para o amigo Ênio Medeiros