CHUVA TEMPORÃ
Quem vive no sertão
Sabe do rogado
Se sobreviver da plantação
Oh, meu Deus, que pecado!
Chuva por lá é coisa rara
Não se iluda não
Sertanejo tem que ter raça
Para ganhar o pão
Filho reclama para comer
Ele nada tem prá dar
Doi-lhe a alma ao ver
No inocente olhar
De fome morrer!
Chora a providência certeira
Com fé no coração
Os olhos fixam a eira
Ao cair da chuva temporã
Da pele curtida do sol
Do chão duro imprestável
Tudo isso é passado
Porque a chuva prestimável
Modificou a paisagem.