Água, só das lágrimas
Os rios estão sem água
O gado está morrendo
Triste,o olhar deságua
Ao ver seu povo sofrendo!
O solo está seco e ardente
Nuvens não há no horizonte
O peito chora demente
Sob este sol escaldante
No sertão a manhã cálida
É um calor de rachar
A esperança é esquálida
Vem coração devastar.
O vento não sopra ao leste
As águas custam a cair
A lágrima é o que lhe resta
Esta, não vai resistir.
Vê a seca como herança
A sede, é sua partilha
Já perdeu a confiança
Caiu na própria armadilha.
Maldita, a sede prospera
Feroz, a fome agiganta
A cova aberta o espera
O pranto é sua água santa.
Seu olho perscruta o céu
A chuva não se anuncia
Ao sertanejo fiel
Só resta-lhe a Ave-Maria!