O rabelo

Oh, que belo é o rabelo

no rio Douro a flutuar.

que bom que é poder vê-lo

elegante e singelo

e a infância recordar

Noutros tempos navegava

da Régua até à ribeira

do Porto e Gaia e voltava

navegava e transportava

vinho em pipas de madeira.

Para além do vinho trazia

e levava sem cessar

com bom tempo ou invernia

montes de mercadoria

num rodopio invulgar

Era a lenha e o carvão

madeira, fruta e fava

batata, milho e feijão

tudo o que a população

cá do burgo precisava

Durante todo o encargo

a acompanhar a labuta

vinham a boga e o barbo,

a enguia, lampreia e o sargo

o sável a solha e a truta

Se o vento era de feição

içavam no mastro a vela

e aí a embarcação

ganhava outra emoção

e dava uma escapadela

Senão era o braço possante

a remar com energia

que levava por diante

o rabelo a montante

a terminar a porfia

O moço fazia a comida

num enorme panelão

grande, negro como a vida

e na hora da investida

lá faziam a refeição

A vida a bordo era dura

e as marés perturbantes

perigosa de insegura

o rio foi a sepultura

para muitos tripulantes

Hoje é p’ra turista ver

não há lágrima nem choro

pelo menos dá prazer

a quem quiser conhecer

este Rio Douro que adoro

Gaspar Silva
Enviado por Gaspar Silva em 01/03/2009
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