BATALHA DO JENIPAPO

BATALHA DO JENIPAPO

(Homenagem ao vaqueiro)

José Omar Brasil – ACALE – Acd. Campomaiorense de Artes e Letras.

Nos campos do Jenipapo....

A quietude é violada

pela brandura do vento

sobre a vicejante relva;

o suave encanto

do canto do canário,

do bem-te-vi e do sabiá;

a magistral sinfonia dos anfíbios

e, o estranho e incômodo chiar dos pneus

a chicotear célere o negro asfalto.

À sombra do pequiá, da jurema e do mocó

dorme eternamente o homem do sertão

o vaqueiro aboiador,

herói sem paletó,

sem arma e instrução

que, na manhã de março

não suportando a pressão

a exagerada humilhação,

resoluto e ensandecido

trocou a sela, os arreios, o surrado gibão

pela foice, o machado o facão;

o mugir do gado

pelo sibilar do canhão;

o cheiro do curral

pelo repugnante odor da pólvora;

o prazer do leite mugido,

a escorrer pelas endurecidas mãos,

à mistura de sangue, suor e areia

sobre o corpo ardente...

o abraço da mulher amada,

pelo mórbido frio do punhal

sobre o peito arfante.

Abandonando a labuta do campo

o aconchego dos entes queridos

para ir ao encontro fatal...

Na consciência a convicção

que, ao tombar inerte,

revelara ao inimigo

e à nação brasileira

a bravura, a determinação

do caboclo sertanejo;

o sentimento patriótico

que explodira no seu coração.

Havia cumprido com orgulho e heroísmo,

a sua última e honrosa missão.

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A Independência do Brasil e a soberania nacional só foram definitivamente conquistadas à custa de muito sangue e morticínio em luta desigual em 13 de março de 1823, às margens do rio Jenipapo em Campo Maior – Piauí, entre as organizadas e equipadas tropas portuguesas e um punhado de brasileiros (cearenses, alguns maranhenses e piauienses, na sua maior parte, campomaiorenses), sem qualquer preparo militar e armamentos compatíveis, imbuídos apenas, pela fé em Deus, coragem e amor à pátria.

José Omar