A lenda do boto

Eis a virgem na praia sentada

encantada com a luz do luar

mais que encantada, enfeitiçada

olhando o nada por cima do mar.

Esperando poeta, marinheiro, namorado

quieta, calada a esperar

boba, olhar apaixonado

lá vem teu homem do fundo do mar.

Se olhara de longe sem piscar

a lua se escondia na escuridão

a virgem e a fera que emergiu do mar

se aproximaram, se tocaram no prazer, na união.

Doces momentos, sussurros e gemidos

prazeres da carne, da paixão, do encanto

na areia branca o corpo rompido

a tristeza e a dor do pranto.

Hipnotizada, criança enfeitiçada

quando para o mar o viu retornar..

ficou louca, louca desencantada.

E como jovem apaixonada

jogou-se nas águas para se afogar.

E no outro dia quando o sol nasceu

um corpo era trazido para beira do mar

o boto de dentro d`água dava Adeus

para os reles humanos que se punham a chorar!