O CABRA DA PESTE
VIRGULINO ERA UM CABRA DE SIRIEMAS
TINHA NO CANGAÇO UM BELA FLOR
SANGRAR MACACO PELAS VENTAS
E DESFLORAR DONZELAS SEM PUDOR
TAL DIA DE SOL ANGUSTIANTE
UMA VOLANTE ELE ENFRENTOU
ZANGADO ATÉ COM O CÃO COXO DE BERRANTE
TODOS PRO INFERNO ELE MANDOU
MAS NUMA TARDE FRIA
UM TIRO SECO DE ESPINGARDA
A MORTE LHE DEVOLVIA
VOLTA PRA COVA RASA ALMA DANADA
CHEGANDO NO INFERNO UM DIABO FOI COM ELE TER
E VIRGULINO NAQUELA MEDONHA HORA, VIXE O QUE FAZER?
O CANGACEIRO AINDA SORRIA E SEM DELONGAS DIZIA
FOI PURA COVARDIA, QUE DE FRENTE NEM TU CÃO DANADO
CARREGANDO CEM DEMÔNIOS PARELHA ME FAZIA!
E DIANTE DE TANTO DESRESPEITO
O CAPETA PUNIU O CANGACEIRO
O TRANSFORMANDO EM ANJO
E POR PURO DESENCANTO
VIRGULINO AINDA AOS PRANTOS
GRITOU: MEU PADIM PADE CIÇO
ACABA COM TODO ESSE REBULIÇO
E ME DEVOLVE PRO SERTÃO
NÃO QUERO FICAR DANÇADO COM O CÃO
E NEM REZAR AVE - MARIA DE CONDÃO
QUERO É VOLTAR PARA MINHA DESGRAÇA
SOFRER JUNTO COM TODA MIMHA RAÇA
MATANDO POR UM PEDAÇO DE PÃO!
ENTÃO UM MILAGRE SE FORMOU
E VIRGULINO PRA TERRA RETORNOU
SÓ QUE ELE NÃO VEIO COMO CANGACEIRO
E SIM COMO VAQUEIRO PARA O SERTÃO DESBRAVAR
E AOS POBRES SEU AMOR LHE PRESTAR!