LEIA NÃO, FLÔZINHA, LEIA NÃO...

Adelaide Catarina…ô diacho de menina!
Véve com o livro na mão, e eu, que sô pai arretado, vivo lhe aconselhando: leia não, flôzinha, leia não!…
É que leitura demais só serve pra trazer ilusão.
Olhe só: num temo água, coberta e nem pão… e Adelaide Catarina quer vivê com o tar do livro na mão!
Cismô de andar todo dia, duas hora no lombo do burro, três hora na chalana e mais meia hora de pé. Sabe pra quê, seu moço? Pra ir pra tar da escola, invés de plantar o café!
A peste da professora diz que Adelaide Catarina tem muita idéia boa no pensamento.
Pois eu digo que ela , pros irmão, só serve pra mau exemplo! Já pensô, seu moço, se os outros doze arresolve seguir Adelaide Catarina pra escola?
Vixe! Nossa Senhora! O patrão me esfola!
Mas fazê o quê, se ela quer vivê de ilusão? Diz  que vai sê letrada, que vai escrevê livro pra todo mundo tê na mão!
Ah! Meu Padim Padi Ciço… Pede o senhô, ai de cima pra Adelaide Catarina:  Leia não, flôzinha, leia não…

Nota da autora: Que chegue o dia (e não tarde) em que a Educação volte a ser fonte de esperança de PROMOÇÃO da qualidade de vida em nosso país; que crianças abram seus livros e mentes, com o apoio de profissionais bem preparados e de suas famílias.

 
Andreia Jacomelli
Enviado por Andreia Jacomelli em 04/01/2009
Reeditado em 02/04/2019
Código do texto: T1367668
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