Rio “Ceroula”
Não notaste minha ausência...É certo.
Possuís o condão de apenas existir,
Deixando para mim a vida,
A capacidade de sofrer e de sentir...
De sonhar e de amargar esta saudade imensa
Que mora no meu peito, onde encontrou guarida...
Hoje, distante, mil carícias sinto da gostosa aragem
Que sopra, mansamente, neste dia!...
Que vem de ti, talvez... E, que roçou, talvez,
As grimpas de tuas árvores frondosas e chega a mim...
E, volvo para trás o meu olhar vazio,
Perdido na distância dos horizontes sem fim...
Cortando os ares, elegantemente, as andorinhas vejo.
E, como invejo seu destino livre e tenho até desejo
De voar por esse mundo sem fim! Ah! Se eu pudesse!...
Em meu jardim esvoaçante, lindo colibri
Em vibração constante, diabruras tece,
O néctar mendigando de umas poucas rosas,
Fazendo-me lembrar dos que, às margens tuas,
Longe dos pobres colibris das ruas,
Embriagados vivem dos sutis perfumes,
Dos néctares que jorram em singular volume,
De um mundo em floração e frenesi!...
E, dentro em mim, uma saudade cresce,
Num misto de carinho e duma prece
Me leva junto a ti.
E, à sombra do arvoredo acolhedor, descanso,
Enquanto a passarada trina e a juriti
O companheiro chama, delicado e manso...
Respiro, então, o ar cheiroso e fresco
Que de ti desprende!...
Que instila no meu ser, tranqüilidade e paz
Ternura e tudo mais que o mundo não compreende...
Contemplo, pequenino e só tua grandeza,
E a de tudo que te envolve e abraça...
E, como é bom sentir-se a gente pequenina e lassa
No seio virginal da natureza...
Os teus contornos caprichosos fito!...
E, enquanto rolas, coleante e manso,
Buscando o mar distante... O infinito...
No chão eu fico e nem um passo avanço.
Segue a cumprir o teu destino errante...
Deixando, aqui distante, ao sedentário,
Ao pobre sonhador, ao visionário,
Esta saudade quente e apaixonante!..
Janeiro de 1966.
Não notaste minha ausência...É certo.
Possuís o condão de apenas existir,
Deixando para mim a vida,
A capacidade de sofrer e de sentir...
De sonhar e de amargar esta saudade imensa
Que mora no meu peito, onde encontrou guarida...
Hoje, distante, mil carícias sinto da gostosa aragem
Que sopra, mansamente, neste dia!...
Que vem de ti, talvez... E, que roçou, talvez,
As grimpas de tuas árvores frondosas e chega a mim...
E, volvo para trás o meu olhar vazio,
Perdido na distância dos horizontes sem fim...
Cortando os ares, elegantemente, as andorinhas vejo.
E, como invejo seu destino livre e tenho até desejo
De voar por esse mundo sem fim! Ah! Se eu pudesse!...
Em meu jardim esvoaçante, lindo colibri
Em vibração constante, diabruras tece,
O néctar mendigando de umas poucas rosas,
Fazendo-me lembrar dos que, às margens tuas,
Longe dos pobres colibris das ruas,
Embriagados vivem dos sutis perfumes,
Dos néctares que jorram em singular volume,
De um mundo em floração e frenesi!...
E, dentro em mim, uma saudade cresce,
Num misto de carinho e duma prece
Me leva junto a ti.
E, à sombra do arvoredo acolhedor, descanso,
Enquanto a passarada trina e a juriti
O companheiro chama, delicado e manso...
Respiro, então, o ar cheiroso e fresco
Que de ti desprende!...
Que instila no meu ser, tranqüilidade e paz
Ternura e tudo mais que o mundo não compreende...
Contemplo, pequenino e só tua grandeza,
E a de tudo que te envolve e abraça...
E, como é bom sentir-se a gente pequenina e lassa
No seio virginal da natureza...
Os teus contornos caprichosos fito!...
E, enquanto rolas, coleante e manso,
Buscando o mar distante... O infinito...
No chão eu fico e nem um passo avanço.
Segue a cumprir o teu destino errante...
Deixando, aqui distante, ao sedentário,
Ao pobre sonhador, ao visionário,
Esta saudade quente e apaixonante!..
Janeiro de 1966.