Meu Nordeste

Era sertão, nordeste e seco

Era onde se plantava sem saber o que colher

Quando vinha o gado morto, recortado

No meio da poeira que fazia nuvem branca

E sertanejo cantava, em versos, o medo

Não se tinha o que comer - eles vestiam a fome

Mas a água corria porque choravam seus filhos

Deitados, magros, esperando a morte chegar

Olhai, meu Brasil, onde padecem teus homens

Os mesmos homens, sem chão e sem nome

Que nunca te perguntam o porquê

O nordeste virou água, era o sonho do sertanejo

que, feito pescador, era muito contador

de um monte de mentira que queria acreditar

porque foi parido mesmo é da terra escura

e dali saía não - isso era traição!

E traidor - no meu Nordeste - sempre fora pecador

Morria ele de fome, morria ele de sede

mas o sertão ia sempre ser o céu onde ele havia de morar

Ie
Enviado por Ie em 30/11/2008
Código do texto: T1310778
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