Meu Nordeste
Era sertão, nordeste e seco
Era onde se plantava sem saber o que colher
Quando vinha o gado morto, recortado
No meio da poeira que fazia nuvem branca
E sertanejo cantava, em versos, o medo
Não se tinha o que comer - eles vestiam a fome
Mas a água corria porque choravam seus filhos
Deitados, magros, esperando a morte chegar
Olhai, meu Brasil, onde padecem teus homens
Os mesmos homens, sem chão e sem nome
Que nunca te perguntam o porquê
O nordeste virou água, era o sonho do sertanejo
que, feito pescador, era muito contador
de um monte de mentira que queria acreditar
porque foi parido mesmo é da terra escura
e dali saía não - isso era traição!
E traidor - no meu Nordeste - sempre fora pecador
Morria ele de fome, morria ele de sede
mas o sertão ia sempre ser o céu onde ele havia de morar