CAJU E OS MENINOS DO SERTÃO
O colorido das árvores e frutos,
Na safra do caju no meio do sertão,
Solo seco, quente brotando na fartura,
No picadeiro isolado sem inclusão.
Favoritismo agudo da melhor estação,
Caem as bolsas em todos os continentes,
Crise financeira sem qualquer distinção,
Porém, o caju borda colorindo o Maranhão.
O dia ainda não amanheceu com o sol,
E do alto dos cajueiros impera a dinastia,
Das mais belas maçãs do meu nordeste,
Sobressai a verdadeira macieira "marañon"
Entre as matas de cocais e cerrados,
Acordam cedo os três pequenos irmãos,
Zé do Caju, Antônio e o caçula Julinho,
Com sacolas e varas fazem tantas alegrias.
Entre as frutinhas nas pontas das galhas,
Amarelas e vermelhas, grandes e pequenas,
Tonalidades no espaço quieto e silencioso,
No melhor ecossistema da mãe natureza.
Adiante, a casinha à beira da velha estrada,
Com larga porta de talos de buriti,
Sem importância socioeconômica,
No paraíso da cajucultura do Maranhão.
Centenas de cajus deitados na mesinha,
Adormecidos e enfileirados na vendinha,
Intranquilo e nervoso, o menino vistoria,
Atravessando o olhar de um lado para o outro.
Naquela estrada longa e tortuosa do sertão,
Até parece com as estradas poeirentas de Angola,
Onde os brothers são todos imponentes,
Mesmo sem cultura alguns sabem a lição.
Ali, o miúdo Zé do Caju observa o tempo,
Encruza os braços com bastante preocupação,
Mercadoria à mostra e não passa um vivente,
Somente o vento assoprando como um furacão.
Não tem jeito. Zé abaixa o preço do caju,
Na vaga e lenta esperança de vendê-los.
Assim, os viajantes trilham na estrada carroçal,
Acompanhando o vento que se levanta na poeira fina.
O coração do guri advinha. É venda na certa,
Com enorme barulho na longa distância,
Zé do Caju prepara uma pequena plaquinha,
Com a folha de caderno faz a propaganda.
Um caju por apenas um centavo,
Avisa que o caju é tirado na "hora",
Suplica em poucas letras azuis
"Ajude o Zé" na compra do caju.
E alerta com letras vermelhas e azuis,
Sobre a venda a crédito da frutinha,
"Fiado não" - "Compre logo viu"
Os olhos apreensivos na camioneta,
Descem os passageiros entusiasmados.
É dinheiro vivo, moedas caindo na mão,
Tão pouco para um tempo desperdiçado,
Mas, uma fortuna que abrem os seus corações,
No prazer rápido e desmedido com intenção,
Envolvendo uma montanha de tantos cajus.
São os pobres viajantes do pau de arara,
Tão paupérrimos que um real não lhe fazem falta,
Zé do Caju aproveita a passagem,
Grita por Antônio e Julinho,
"Me ajudem seus meninos, mais caju"
Lá se vem mais cajus dos cajueiros,
Reabastecendo a pequena mesa,
É caju pra tudo que é lado,
Por um minguado de dinheiro.
No final de cada tarde é mais um dia,
Cada menino com um cofre de moedas na mão,
Das latas velhas de leite itambé furadas,
Contam e recontam as moedas dezenas de vezes,
No sonho remoto de um dia comprarem um celular.
O colorido das árvores e frutos,
Na safra do caju no meio do sertão,
Solo seco, quente brotando na fartura,
No picadeiro isolado sem inclusão.
Favoritismo agudo da melhor estação,
Caem as bolsas em todos os continentes,
Crise financeira sem qualquer distinção,
Porém, o caju borda colorindo o Maranhão.
O dia ainda não amanheceu com o sol,
E do alto dos cajueiros impera a dinastia,
Das mais belas maçãs do meu nordeste,
Sobressai a verdadeira macieira "marañon"
Entre as matas de cocais e cerrados,
Acordam cedo os três pequenos irmãos,
Zé do Caju, Antônio e o caçula Julinho,
Com sacolas e varas fazem tantas alegrias.
Entre as frutinhas nas pontas das galhas,
Amarelas e vermelhas, grandes e pequenas,
Tonalidades no espaço quieto e silencioso,
No melhor ecossistema da mãe natureza.
Adiante, a casinha à beira da velha estrada,
Com larga porta de talos de buriti,
Sem importância socioeconômica,
No paraíso da cajucultura do Maranhão.
Centenas de cajus deitados na mesinha,
Adormecidos e enfileirados na vendinha,
Intranquilo e nervoso, o menino vistoria,
Atravessando o olhar de um lado para o outro.
Naquela estrada longa e tortuosa do sertão,
Até parece com as estradas poeirentas de Angola,
Onde os brothers são todos imponentes,
Mesmo sem cultura alguns sabem a lição.
Ali, o miúdo Zé do Caju observa o tempo,
Encruza os braços com bastante preocupação,
Mercadoria à mostra e não passa um vivente,
Somente o vento assoprando como um furacão.
Não tem jeito. Zé abaixa o preço do caju,
Na vaga e lenta esperança de vendê-los.
Assim, os viajantes trilham na estrada carroçal,
Acompanhando o vento que se levanta na poeira fina.
O coração do guri advinha. É venda na certa,
Com enorme barulho na longa distância,
Zé do Caju prepara uma pequena plaquinha,
Com a folha de caderno faz a propaganda.
Um caju por apenas um centavo,
Avisa que o caju é tirado na "hora",
Suplica em poucas letras azuis
"Ajude o Zé" na compra do caju.
E alerta com letras vermelhas e azuis,
Sobre a venda a crédito da frutinha,
"Fiado não" - "Compre logo viu"
Os olhos apreensivos na camioneta,
Descem os passageiros entusiasmados.
É dinheiro vivo, moedas caindo na mão,
Tão pouco para um tempo desperdiçado,
Mas, uma fortuna que abrem os seus corações,
No prazer rápido e desmedido com intenção,
Envolvendo uma montanha de tantos cajus.
São os pobres viajantes do pau de arara,
Tão paupérrimos que um real não lhe fazem falta,
Zé do Caju aproveita a passagem,
Grita por Antônio e Julinho,
"Me ajudem seus meninos, mais caju"
Lá se vem mais cajus dos cajueiros,
Reabastecendo a pequena mesa,
É caju pra tudo que é lado,
Por um minguado de dinheiro.
No final de cada tarde é mais um dia,
Cada menino com um cofre de moedas na mão,
Das latas velhas de leite itambé furadas,
Contam e recontam as moedas dezenas de vezes,
No sonho remoto de um dia comprarem um celular.