QUERÊNCIA DE LUZ
Minha querência de luz é vida nas invernadas.
Minha querência sagrada tem cicatrizes de outrora.
Quando o minuano chora descabelando arvoredos,
Parece contar segredos antes do romper da aurora.
Este rincão tem lonjuras de campo enchendo os olhos.
Restingas onde consolo velhas saudades guardadas.
Esta querência abençoada renasce a cada dia,
Faz florescer a poesia nas flores amareladas.
Uma badana sovada é meu diário de campo.
Levo creolina e grampos num bornal preso nos tentos
Donde pende enrodilhado, com doze braças medidas,
Um laço que cincha a vida no arreio que é meu sustento!
Na distância da chapada a silhueta das araucárias,
Altivas e centenárias erguem um brinde pro céu;
Então reflito mateando na calma do fim de tarde
E a luz da querência invade desde a alpargata ao chapéu.
Nesta paz que ilumina os cerros e coxilhões
Revivo outros verões, projeto os que estão por vir.
Pastam quietos no potreiro, pingos de lombo lavado,
Quando a noite faz costado sem nem a gente sentir.