Vôo da Manhã

Olhando das alturas

Entre estas nuvens escuras

Lembro de ti com emoção

Vendo estas planícies e cerrado,

Estou deveras emocionado

Ao ver o seu verde torrão

Peguei o mapa do roteiro

Para descobrir o verdadeiro

Paralelo em que nasceu

Cinqüenta é o paralelo

Deste seu verde belo

Que por muito tempo te acolheu

Dobrei o mapa e fiquei contemplando

O quadro que estava pintando

O sol com seu clarão

Me lembrei de ti correndo

Nas ruas subindo e descendo

Com seus livros nas mãos

Quando por cima passava

A sombra da aeronave acompanhava

Tocando nas casas e nas ruas

Passando rápida e sem lampejo

Sombreando um quadro sertanejo

Na tela desta terra tua

Suavemente fui afastando

O vento em meu rosto roçando

Me acordando de uma quimera

Despedida deste mundo seu

Onde você nasceu

No cântico da primavera

Afastando destas paisagens

Me preparei com coragem

No retorno para a realidade

Do alto fiquei olhando

A tua imagem ficando

Com a paisagem da cidade

Levitar com vento amigo

Me transporta para outro abrigo

Num gostoso voar de pássaro

Entre as nuvens flutuando

Em teu sopro balançando

Como folha solta no espaço

Um pouco mais adiante o rio

Correndo calmo e macio

Banhando as abas da serra

Como eu queria ser um barqueiro

Com um firme timoneiro

Navegar com a mulher da terra

Entre planícies, montes e serras

O homem cavando a terra

Garimpando com fé e esperança

Em cada peneira que vira

Espera que da terra tira

A sua sonhada herança

Berço dos garimpeiros

Dos poetas e seresteiros

Que orgulha a terra prometida

Onde o poeta lembra a paineira

As matas e cachoeiras

E do monjolo com suas batidas

Otaviano de Carvalho
Enviado por Otaviano de Carvalho em 02/09/2008
Código do texto: T1157667
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.