Vôo da Manhã
Olhando das alturas
Entre estas nuvens escuras
Lembro de ti com emoção
Vendo estas planícies e cerrado,
Estou deveras emocionado
Ao ver o seu verde torrão
Peguei o mapa do roteiro
Para descobrir o verdadeiro
Paralelo em que nasceu
Cinqüenta é o paralelo
Deste seu verde belo
Que por muito tempo te acolheu
Dobrei o mapa e fiquei contemplando
O quadro que estava pintando
O sol com seu clarão
Me lembrei de ti correndo
Nas ruas subindo e descendo
Com seus livros nas mãos
Quando por cima passava
A sombra da aeronave acompanhava
Tocando nas casas e nas ruas
Passando rápida e sem lampejo
Sombreando um quadro sertanejo
Na tela desta terra tua
Suavemente fui afastando
O vento em meu rosto roçando
Me acordando de uma quimera
Despedida deste mundo seu
Onde você nasceu
No cântico da primavera
Afastando destas paisagens
Me preparei com coragem
No retorno para a realidade
Do alto fiquei olhando
A tua imagem ficando
Com a paisagem da cidade
Levitar com vento amigo
Me transporta para outro abrigo
Num gostoso voar de pássaro
Entre as nuvens flutuando
Em teu sopro balançando
Como folha solta no espaço
Um pouco mais adiante o rio
Correndo calmo e macio
Banhando as abas da serra
Como eu queria ser um barqueiro
Com um firme timoneiro
Navegar com a mulher da terra
Entre planícies, montes e serras
O homem cavando a terra
Garimpando com fé e esperança
Em cada peneira que vira
Espera que da terra tira
A sua sonhada herança
Berço dos garimpeiros
Dos poetas e seresteiros
Que orgulha a terra prometida
Onde o poeta lembra a paineira
As matas e cachoeiras
E do monjolo com suas batidas